e ela se infiltrou onde não poderia se não fosse cega. e ela argumentou como se fosse a primeira vez, como se nunca tivesse ouvido o som de sua voz. estava quase muda, mas não parava de se fazer perceber. cada gesto, ranger de articulação, mesmo que não saia daí um movimento mexido - pode ser parado, mesmo
talvez por isso alguém decidiu ouvir o que os estalos de sua língua percussionavam, o que sua voz, laringe, céu da boca, o que seu aparelho amplificador do nunca sentido insistia em tentar compartilhar. talvez é pouca coisa, pode ser qualquer motivo. o que importa é que, mesmo sem encarar, a atenção, como uma descarga, inverteu o fluxo e se infiltrou nela. ali não cabia mais nada e algumas vezes ela ameaçou a explodir, porque ali também nunca faltou nada
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